Reflexão Necessária

por Michel Gralha | 22/03/2021

Com tudo fechado, as aglomerações acontecem em qualquer horário e local

A busca por caminhos mais rápidos, independentemente dos reflexos, cria verdades perigosas e consequências desastrosas. Ultrapassado o sentimento de quem deveria fazer o que, e no importante papel de ajudar, penso na solução almejada pelo “fique em casa”. Isto seria eficaz, se todos permanecessem em seus lares, com segurança e renda para garantir seu sustento. Em março de 2020, há exato um ano, quando a pandemia chegou e a população entendia que era preciso colaborar para que o poder público tomasse as medidas necessárias, o índice de permanência em casa era de 62%, ou seja, relevante e colaborativo. Na sexta feira passada, caos nos hospitais e pânico na saúde, o percentual de pessoas em casa era de 33%, segundo dados do Inloco. A realidade é que as pessoas não estão ficando em casa por vários motivos. Ou seja, essa estratégia para frear o contágio não está funcionando. As pessoas não estão em lockdown. Por isso que, após semanas, não há redução dos números, com tudo fechado, as aglomerações acontecem em qualquer horário e local. E o mais desesperador, parece que ninguém pensa em rever a estratégia. Outras alternativas deveriam ser consideradas: testagem em massa, aproximação da iniciativa privada com o setor público, ampliação da rede de atendimento, ajuda àqueles que perderam seus empregos e negócios. No entanto, só ouvimos, “fique em casa”, sendo que isso, conforme os números, não está ocorrendo. Precisa mudar, já se foram muitas vidas, empregos, negócios e trajetórias escolares. O “fique em casa”, como está sendo feito, penaliza duramente o setor privado da economia e a vida de milhares de crianças, em especial os alunos da rede pública que, após dois anos fora das escolas, provavelmente, não terão incentivos para o retorno. Pelo contrário, serão impulsionados a trabalhar para complementar a renda familiar. Sem educação, gerações serão perdidas. Espero que as pessoas pensem nisto e quando a pandemia acabar, sejam empáticas com aqueles que tiveram suas vidas profundamente afetadas por medidas que não levaram em conta a camada da sociedade que mais precisaria de empatia.

Michel Gralha

Fundador do escritório Zavagna Gralha Advogados, é especialista nas áreas de Direito Societário, M&A e Direito Empresarial. Após oito anos de atuação em escritórios de advocacia, foi Head do Departamento Jurídico na Lojas Renner, onde também exerceu cargos de Secretário do Conselho de Administração e do Comitê de Remuneração.
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