Sociedade invertida

por Michel Gralha | 25/09/2017

SOCIEDADE INVERTIDA

Por Michel Zavagna Gralha

As estratégias dos governos ditatoriais são praticamente as mesmas em todo os lugares do mundo.

Para quem estuda um pouco de História, é muito simples entender o modo de operação daqueles que querem tomar para si uma nação, transformando a população em uma gigante massa de manobra dependente do Estado para sobreviver e manter privilégios.

A primeira e principal ação é acabar com a educação básica, mas de forma sutil.

Elevam os níveis de presença escolar, doutrinam e enfraquecem tanto a qualidade do ensino que nossas crianças passam a ser analfabetas funcionais com baixo potencial de argumentação.

A regra é simples, se não estudam, não têm como serem críticos e exigentes. Precisam de apoio, e o ente público, todo poderoso, vai ajudar estas pessoas.

Depois, para fechar a enorme corrente, com outros importantes elos, transformam as minorias em excluídos para que liderem um processo de esquizofrenia social buscando a perda ou confusão do sentido de sociedade.

São inversões perigosas, como, por exemplo, transformar policial em bandido, trabalhadores e empreendedores em fascistas, parasitas em heróis. Enfim, infelizmente, uma verdade que estamos vivendo no Brasil de forma intensa nos últimos anos.

Protestos e mais protestos sem qualquer base. Pessoas que defendem causas sem ter noção do que defendem. Agressividade extrema justificando o injustificável. A palavra trocada por socos físicos e cibernéticos.

Aqueles que historicamente sempre reclamaram do preconceito viraram extremamente preconceituosos. A vida em comunidade esvaziou.

Perderam-se os valores básicos de convivência e, principalmente, perderam-se os valores de uma vida digna em que o respeito mútuo é pilar de sobrevivência.

E o pior, neste tipo de cenário, a população elege um salvador da pátria para resolver todos os problemas. Alguém capaz de restabelecer a ordem, mesmo que à força.

O remédio, para estes casos, sempre é pior do que a doença.

Em épocas próximas de eleições, que possamos ter equilíbrio e sapiência, pois ditaduras estão territorialmente próximas a nós e geram consequências terríveis.

Tenhamos racionalidade, pois ainda há um sopro de sociedade livre a qual deve ser necessariamente ampliada.

Precisamos de uma nação melhor.

Michel Gralha

Fundador do escritório Zavagna Gralha Advogados, é especialista nas áreas de Direito Societário, M&A e Direito Empresarial. Após oito anos de atuação em escritórios de advocacia, foi Head do Departamento Jurídico na Lojas Renner, onde também exerceu cargos de Secretário do Conselho de Administração e do Comitê de Remuneração.
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