PARCEIROS CERTOS
Por Michel Zavagna Gralha
As condições para empreender no Brasil nos últimos tempos estão, certamente, entre as mais complexas da história. Além das dificuldades de um país que afundou na corrupção, temos problemas de “encolhimento” de mercado, desemprego e uma burocracia digna de filme de ficção científica. Há casos em que os entraves são tão gigantescos, que a vontade de muitos é repensar o que estão fazendo por aqui e arrumar as malas para um destino mais “promissor”.
Nesse sentido, temos diariamente pessoas avaliando as condições de investimentos e, com boa e triste dose de lógica, decidindo permanecer com os seus recursos no banco, em virtude das altas taxas remuneratórias, ao invés de arriscar em um novo negócio. Trata-se de um dilema nefasto que gera reflexos a todas as camadas da sociedade. Redução de oportunidades, êxodo de intelecto para outros países, falta de inovação, dentre tantas outras consequências, são os resultados diretos do nosso atual momento.
Realmente, empreender por aqui é um ato de coragem. Mas o que fazer neste cenário em que nossos negócios estão no Brasil e não temos nenhuma expectativa de mudar de país? Uma das alternativas encontradas por muitos, principalmente pelas empresas familiares, é a busca por investimentos nacionais ou estrangeiros para conseguir manter-se no mercado e crescer com um mínimo de fôlego. Medida extremamente eficaz, desde que observadas questões prévias importantes.
Dormir controlador de uma empresa e acordar controlado gera uma série de desafios e é preciso cuidado. Ter sócio financeiro é um passo importante, e a idoneidade e a intenção do novo parceiro devem ser muito bem avaliadas. Não são poucos os casos em que as famílias empresárias lutam por recursos externos, não tomam os devidos cuidados e acabam tendo bastante dor de cabeça. Por isso, é extremamente prudente que, em épocas de crise e necessidade de capital, avaliem-se novos sócios, porém, sem esquecer que as relações internas na empresa mudarão drasticamente. Trata-se de um novo casamento e, com o perdão da brincadeira, no qual muitas vezes só descobrimos as reais intenções quando da separação.