Não será fácil, pois as crianças experimentaram viver em uma bolha, uma realidade segura, sem as adversidades, confrontos e exposições das relações presenciais, e isto vale para os pais também
Os nossos modelos mentais são muito importantes para percebermos a vida ao nosso redor. Curioso como a pandemia trouxe à tona uma série de situações nunca antes vivida. Estamos em uma enxurrada de emoções, num processo adaptativo incrível e inesperado. São tempos complexos, difíceis, cheios de debates e julgamentos, e precisamos sobreviver. Na nossa volta à vida, seremos impelidos a inúmeras barreiras e não teremos mais a opção de correr para o “doce lar”, quentinho e seguro. As pessoas e, principalmente, as nossas crianças precisam reexperimentar a realidade, os desafios e o famoso “frio na barriga”. É nosso papel fundamental ajudá-los. Nossos medos e anseios, como adultos, não podem ser levados a eles. Precisamos orientar, sem traumatizar. Não será fácil, pois as crianças experimentaram viver em uma bolha, uma realidade segura, sem as adversidades, os confrontos e as exposições das relações presenciais, e isto vale para os pais também. O desafio de retomar a vida é de todos. Com cuidado, obviamente, mas precisamos restabelecer nosso lugar na sociedade. Trata-se de uma corrida em andamento, já que o mundo segue girando, como se não tivesse sido interrompido. Como se a ilusão de que as coisas estavam suspensas, como alguns acreditaram, não existisse mais. O planeta desacelerou, mas não parou e jamais parará. Somos adaptáveis e não podemos descontinuar nossa jornada. E aqui está um dos grandes desafios: como retornar a um mundo do qual estive fora? Como lutar para que as coisas, as pessoas e as relações humanas, sejam como eram antes? Possivelmente, jamais serão. Mudamos e mudaremos para sempre. As nossas rotinas jamais serão iguais, poderão ser parecidas, mas diferentes na sua essência. E pensem que grande oportunidade fazer tudo de uma forma nova. A covid-19, que nos trouxe e ainda trará muitas tristezas, também nos oportunizou uma nova forma de perceber a vida. Cabe a nós aproveitar, sucumbir ou lutar contra. Serão decisões individuais e você terá que fazer a sua!