Esqueçam crescimento econômico e pleno emprego. O devastador “fique em casa” somente é possível para privilegiados.
Há mais de um ano temos convivido com a pandemia. Pensávamos que seriam meses, depois até o Natal, mas a situação persiste e ainda, por incrível que pareça, temos muitas mortes, hospitais lotados e restrições à liberdade. Francamente, ninguém sabe até quando lutaremos ou, o que é pior, quais as atitudes mais corretas a tomar. Vivemos uma incerteza absoluta, por algo novo, que exacerbou nossas fraquezas e expos o sucateamento da nação. Enfim, tudo ainda muito imprevisível. Porém, passado esse tempo, minimamente deveríamos ter aprendido algo e percebido que as ações de hoje serão sentidas no curto prazo. Trata-se da crise da miséria. Se, no Brasil, já tínhamos os abismos sociais, em breve eles serão ainda maiores, por razões muito simples: as medidas tomadas pelos governos afetarão frontalmente dois motores da sociedade, a educação e a iniciativa privada. As escolas ainda mantêm as portas fechadas. Hoje já é possível trabalhar, ir a shoppings, bares, restaurantes, mas não conseguimos fazer com que nossos filhos voltem para a escola! Isso será diretamente responsável pelo maior êxodo escolar da história. E não me refiro às escolas particulares, pois os alunos destas sofrerão menos consequências. Preocupam-me as escolas públicas e suas crianças, que longe do local onde deveriam estar, encontrarão muita dificuldade de retorno. A segunda, também catastrófica, será, e já está sendo, os efeitos na economia. Esqueçam crescimento econômico e pleno emprego. O devastador “fique em casa” somente é possível para privilegiados. Teremos desemprego em massa e uma redução brutal no equilíbrio financeiro das famílias. Sufocar a economia é ceifar oportunidades e empobrecer as pessoas, em todos os sentidos. Trata-se de uma crise injusta. Que, mais uma vez afetará a camada menos favorecida da sociedade. Como consequência, entre tantas, o óbvio: população menos educada e mais pobre, dificuldades sociais e aumento da violência, pavimentando um caminho propício à chegada do “Salvador da Pátria”. Pense, pois tempos ainda mais difíceis virão e, certamente, ficar em casa não será tão confortável.