Estamos em pleno dezembro e ainda não sabemos o que esperar para o próximo ano
Inacreditável, impensável, surpreendente, desafiador, frustrante e encorajador. Palavras, entre tantas outras, para caracterizar 2020. Vivemos, talvez, o ano mais “diferente” das nossas vidas. Em março, antes de tudo começar, seguíamos o nosso curso normal. Abril, começamos a sentir, verdadeiramente, o grande furacão de emoções, que persiste até hoje. Estamos em pleno dezembro e ainda não sabemos o que esperar para o próximo ano.
Que insanidade! Que oportunidade para olharmos para o lado e ver como somos frágeis e reféns de nossas escolhas e das políticas públicas. Quantas medidas impostas. Foi um ano caracterizado por incertezas e “forças políticas”; ficamos sem saber “no que” e “em quem” acreditar. Debates de toda ordem, e no nosso mar de emoções ainda não temos convicção de que os tratamentos precoces sejam eficazes ou quando chegará a vacina e, fato importante, se realmente funcionará e por qual período. A lógica perdeu espaço para o desconhecido e acabamos reféns do medo. Entre tantos fatos controversos, há quem ataque o tratamento precoce, alegando falta de comprovação científica, e apoie a vacina, que também carece de evidências mais efetivas. Que desafio! No mundo racional, todos deveríamos querer acreditar que os medicamentos devam ser efetivos e que a vacina seja a solução de longo prazo. Mas não conseguimos. Não temos a base técnica para conclusões assertivas. Vivemos de achismos utópicos inundados por questões ideológicas e políticas.
Às vezes penso que estamos divididos em dois mundos: de um lado, aqueles que acreditam nas liberdades individuais e que o Estado não tem o direito de obrigar você a nada e, de outro, os coletivistas que acreditam que o Estado tem o poder de decisão sobre as nossas vidas. É preciso ter cuidado! Quando relativizamos os nossos direitos individuais, abrimos a porta da intervenção nas nossas vidas e nas nossas escolhas mais privadas. Importante termos consciência de que defender que outros tomem as decisões por nós é perder o direito de reclamar de que não há decisão a tomar.